sexta-feira, 27 de julho de 2012

AS VIÚVAS DE 1982




Sei que parece heresia futebolística tecer alguma crítica à seleção de futebol de 1982,do técnico Telê Santana,mas não pude me conter ao ver um jornalista(?) fazer uma brincadeira em que a aquele time ganharia a Copa do Mundo da Espanha.Constatei que certas pessoas ainda não superaram o trauma(??)e continuam a lamuriar pelos cantos o quanto o ‘futebol arte’ perdeu naquele fatídico dia.Peraí,perdeu?Vamos por partes.



É claro que uma seleção de futebol que conta com talentos incontestáveis como Zico,Sócrates,Falcão,Éder,Júnior,Leadro e cia ltda, não pode ser desprezada.Ao contrário,um time invejável e com um primor no toque de bola.O mundialito realizado no ano anterior mostrou isso e credenciou a “seleção canarinho” ao título,que não conquistava desde 1970(portanto a cobrança era enorme).Telê soube reunir tantos talentos juntos para render o máximo possível,mas o corte do atacante Careca o obrigou a escalar Serginho Xulapa no time(claramente um peixe fora d’água ,em uma equipe com toques tão refinados).



Com um começo que encantou a crônica esportiva europeia,o time brasileiro criou um status de imbatível e,ao ter a Itália como adversária nas quartas de final,a vitória já era dada como certa.Ledo engano.Aí começou a comédia de erros da imprensa brasileira(como sempre).
Considerar a seleção italiana “galinha  morta” foi um dos muitos equívocos naquela semana.O resultado todos sabem,3x2 para a “Azzura” e com lamentos pelos quatros do país.E esse é o ponto nevrálgico.NÃO FOI INJUSTO E NEM A SELEÇÃO DE TELÊ ERA TÃO MARAVILHOSA E PERFEITA ASSIM! Havia cisão no grupo,onde cada jogador tinha um contrato de publicidade individual ,que o obrigava a comemorar seu gol próximo a placa da empresa que o estava pagando.O time era um primor no toque de bola sim (hoje só o Barcelona se aproxima daquele time),mas a defesa não era consistente e nem tinha volantes de contenção que desse segurança.Ao contrário do time brazuca que era um grupo de craques,a seleção da Itàlia era um time compacto,com bons jogadores,e em nenhum momento esteve ameaçado seu predomínio durante a partida.Tanto que essa vitória culminaria com o título,de forma incontestável.A “tragédia de Sarriá” como ficou conhecida pelas viúvas da crônica esportiva, até hoje é lembrada pela derrota do futebol espetáculo em detrimento ao futebol de resultados.Novamente um erro.A seleção da Itália vinha mal das pernas devido a problemas internos,como em 2006 e,tal qual naquele ano,as dificuldades fortaleceram os jogadores que fizeram de tudo para se superar.E,contra a seleção brasileira,conseguiram, e com estilo.Sem sombra de dúvidas( e sem ufanismo exacerbado) venceu o melhor.



Pode-se dizer que aquela derrota fez com que,no cenário nacional,houvesse um retrocesso que culminou na seleção campeã de Parreira,em 1994.Justo.Até porque a cobrança por resultados era enorme e a escassez de títulos colocava muita pressão na comissão técnica (quem quer que fosse).E se a única coisa da qual o brasileiro se orgulha de ser bom é no  futebol,não conquistá-lo por 24 anos era um acinte.Mostrava sua  fragilidade e sua necessidade extrema de autoafirmação,saciada de tempos em tempos por conquistas da seleção canarinho.Nisso,o pragmatismo de Carlos Alberto Parreira e de seu parceiro Zagallo foi muito eficiente.



E quanto às viúvas,bom ,já se passaram trinta anos,então está na hora de seguir em frente.




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