quinta-feira, 11 de julho de 2013

A Casa Grande e a Senzala da Globo





Os contratados da Rede Globo de Televisão podem ter ‘status’, fama e, muitas vezes um bom salário, mas não tem o essencial: LIBERDADE.


Fazem o que a emissora que lhes pagam o salário quer, vão aonde os Marinhos deixam ir e falam SE seus patrões permitem. Nunca podem dar entrevistas, principalmente se for a um concorrente direto (no caso do departamento de jornalismo, perguntas apenas via e-mail e com dias de antecedência para responder), não tem permissão para polemizar sobre assunto algum e são advertidos publicamente se contrariam as normas da casa. São obrigados a assinar um "código de ética" para trabalharem na empresa, que permite aos patrões medidas retaliativas cabíveis.

Por isso causou tanta comoção o fato de Fausto Silva ter se pronunciado, recentemente, sobre a onda de manifestações pelo Brasil, tal qual ele fazia quando era um apresentador de verdade no saudoso “Perdidos na Noite”.  Hoje, ele está mais para uma caricatura de si mesmo.


Os funcionários da emissora carioca estão mais para escravos de luxo, do que para artistas. Nomes como os de Roberto Carlos, Xuxa, Luciano Huck, Fátima Bernardes e Ana Maria Braga são sempre evasivos sobre assuntos relevantes, para não causar ranger de dentes no grupo em que trabalham.

Tudo se resume a ego. É sabido que SBT e Record pagam salários melhores e podem dar um espaço maior em suas respectivas grades de programação para profissionais da área. E mesmo com a chance de ganhar muito mais, ter um horário conveniente e uma liberdade muito maior, ainda assim alguns preferem ir ou permanecer na Globo. Casos emblemáticos como os de Sérgio Groisman, Jô Soares, Angélica e própria Ana Maria comprovam a tese.

Groisman trocou “um caminhão de dinheiro” (palavras dele) e um horário nobre no SBT pra ser jogado nas madrugadas de sábado num programa tedioso, voltado para insones ou para aqueles que estão voltando das baladas; sem poder entrevistar quem quer ou falar sobre todos os assuntos. Mas o ego o convenceu. Perdeu o profissional que, no extinto “Programa Livre” na emissora de Silvio Santos, conseguiu marcar época com um show voltado em especial para os jovens, que tinham pouco espaço para se expressar.

Jô Soares saiu brigado com Boni e Roberto Marinho. Os dois sempre o ludibriaram com a chance de ter um programa de entrevistas, mas a promessa nunca saiu do papel. Silvio o levou para sua emissora com um salário muito maior e com o talk show garantido. Apesar de plagiar descaradamente os do Jay Leno e David Letterman dos EUA, Jô se saiu muito bem na empreitada. As Organizações Globo proibiram, inclusive,  propagandas dos shows de Soares em sua grade televisiva, numa tática nazista de retaliação. Ainda assim, após 11 anos de sucesso no SBT ele preferiu voltar para os antigos e ingratos patrões que o sabotaram o quanto puderam. Vaidade ou necessidade de auto-afirmação?

Angélica foi mais uma a cair no conto da vaidade ao trocar um programa solo e a chance de divulgação de seus discos infanto-juvenis para ser alocada em um mísero quadro de um programa vespertino do sábado. E nada mais.

Ana Maria Braga foi convencida por seu empresário a sair da Record porque tinha uma oportunidade de trabalhar na emissora dos Marinhos. Criou uma situação para romper contrato sem pagar multa (alguns dizem que ela foi orientada pelo departamento jurídico da Globo), abriu mão do alto salário (mais comissões dos mais variados produtos que anunciava) e partiu para os estúdios da emissora em SP. Nunca mais foi a mesma.

Além da impossibilidade de se expressar livremente, os artistas da casa enfrentam um clima hostil por parte da direção da casa, que impõe certas situações de trabalho, extrapolando os limites. Se acabarem recusando um papel em uma novela são postos na “geladeira” por tempo indeterminado. Se disserem o que pensam são censurados e repreendidos. E ainda assim defendem em público a empresa para qual trabalham.
Certa vez, em uma solenidade, Fausto Silva disse: “não há emissora perfeita, mas se houvesse seria a Globo”. Humilhante ver um apresentador que primava pelo politicamente incorreto se tornar um bajulador dessa estirpe.

Faustão, assim como seus colegas de “senzala” não tem muita margem de manobra. Acabaram se acostumando com o ‘pelourinho’. Bem capaz que se tivessem condição de se libertar dos grilhões da Globo seriam como aqueles prisioneiros que passaram tempo demais na escuridão: ao tentar olhar diretamente para os raios do sol ficariam momentaneamente cegos.


A diferença é que estes “artistas” são convenientemente cegos. Apenas isso.



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